Introdução - O que é o comportamento sexual?

História do Termo 9

A anterior e breve história do termo pode nos ajudar a compreender uma verdade básica: Quando falamos acerca do comportamento humano "sexual", não estamos simplesmente a descrever algumas ocorrências factuais e objectivas. Estamos também a escolher um ponto de vista muito especial do qual nos centramos nessas ocorrências. Em suma, expressamos uma certa filosofia subjectiva (e quiçá míope). É preciso uma mente aberta (estado de espírito especial e moderno), para detectar sinais “sexuais” em toda parte e para idealizar o "sexo" como uma força fundamental e omnipresente. Este estado de espírito não reflecte, necessariamente, uma maior capacidade para o prazer sensual ou uma vida amorosa mais vigorosa. Na verdade, ele pode muito bem ser o sinal (espelho) de uma sensualidade aleijada e empobrecida. A preocupação com o sexo não é a mesma coisa que satisfação erótica. Assim e em qualquer caso, parece-nos prudente abordar todo o assunto com cautela.
Por exemplo: é sabido que muitos dos ditos povos primitivos não conseguem ver o elemento “sexual” em certas situações, que parecem não lhes sugerir nada enquanto para o observador moderno ocidental está implícito o “sexo”. Isso pode ser verdade mesmo para povos que colocam grande ênfase na satisfação sexual. Simplesmente não vêem as muitas e possíveis conotações “civilizadas”. Na nossa própria cultura, o mesmo pode ser dito das jovens crianças que desenvolvem uma actividade “sexual”. Grande parte da mesma, não é de todo considerada por eles como sexual. De facto, a interpretação do adulto aparentemente óbvia é adoptada apenas gradualmente e muitas vezes com relutância. Finalmente, é uma experiência comum dos psicoterapeutas modernos de definir muitos dos problemas interpessoais em reuniões de grupo mistos como sendo de natureza “sexual”. No entanto, esses mesmos problemas são muitas vezes definidos de forma completamente diferente em grupos somente do sexo masculino ou feminino. Aqui o aspecto "sexual" não parece muito importante, e, assim, os participantes são preparados para abrir os seus horizontes para outra explicação.

Capa do primeiro "relatório" Kinsey de 1948. Como o título indica, o livro é escrito a partir de uma perspectiva biológica (por exemplo, num típico estudo biológico pode ler-se: "Comportamento Sexual no Chimpanzé Macho"). Alguém que não fosse biólogo teria escolhido um título diferente, mas Kinsey queria sinalizar a sua distância do ponto de vista médico então prevalecente. Curiosamente, ele não deu uma definição ao termo "comportamento sexual", mas simplesmente assumia, pressupondo que o leitor sabia o que era.