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Julien Offray de La Mettrie (1709-1751) foi um médico francês e filósofo do materialismo. É mais conhecido por seu trabalho “L'Homme machine” (o homem máquina), em que o corpo humano é explicado como uma peça de maquinaria. Nas próprias palavras do autor : "Um detalhe completo é dado das várias molas que movem a máquina humana". Porque o livro não deixa espaço para uma alma separada e eterna, foi considerado um escândalo pelas autoridades, e, por isso, publicamente queimado. O autor teve que fugir, mas encontrou asilo em Berlim na corte do rei prussiano, Frederico o Grande. Na verdade, de La Mettrie meramente formulou uma crescente percepção de seu tempo e, de forma indirecta, mais tarde influenciou imensamente o estudo do comportamento.
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Não há dúvidas de que as mudanças graduais no conceito referente ao “sexo” similarmente reflectem mudanças na forma como as pessoas se vêem. Afinal de contas, desde o final da Idade Média, o estilo de vida na Europa sofreu uma profunda e cada vez mais acelerada transformação. A transição de uma economia feudal para o estímulo capitalista, o aumento do comércio e o avanço da tecnologia deu origem a novas atitudes, novos hábitos e valores morais. A classe média urbana emergente ou burguesia treinou-se para um maior grau de disciplina, autocontrole e autonegação até então nunca visto. Eficiência, pontualidade, produtividade e lucro foram proclamados como os novos ideais. O corpo humano passou a ser visto como uma máquina que teve de executar da maneira mais regular e racional possível. Era também esperado que esta máquina fosse prática e económica no que concerne a sua função sexual. Nesse sentido, as respostas físicas e desejos espontâneos que interferiam com o uso “correcto” dos órgãos sexuais foram rigorosamente suprimidos. Ao mesmo tempo, a crescente repressão, subjugação, exploração, e medo do corpo chamava ainda mais a atenção sobre as suas qualidades “sexuais”.
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Livro controverso de “de La Mettrie”. À esquerda: Página com o título original francês (1748) À direita: Tradução inglesa (1750). (Cerca de vinte anos mais tarde, James Watt, com sua melhoria do motor de vapor, começou a "era da máquina", i.e., a Revolução Industrial).
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