Intersexualidade

Lidando com a Intersexualidade: Uma variedade de realidades

Como temos visto repetidamente neste curso, a sexualidade humana é, em todos os seus aspectos, uma questão de nível:

Em cada uma destas instancias não estamos a lidar com alternativas claramente definidas, mas com um espectro de possibilidades e, claro, realidades. Esses espectros são encontrados em qualquer lado na natureza e, claro, são conhecidos há bastante tempo pelos biólogos. Contudo, a civilização ocidental tem tido tendência a fechar os olhos ao óbvio e a ler mal a natureza, como um conjunto de entidades definidas e imutáveis. As pessoas preferiram acreditar nos dogmas da natureza, encaixando todos os fenómenos observados numa rede hierárquica invariável. Assim, também pensavam nos sexos como opostos claramente definidos (“sexos opostos”). Recusaram-se a aceitar níveis intermédios como válidos, assim como todas as variações físicas e psicológicas que se desviavam da norma.

Foi apenas o lento e doloroso progresso da ciência moderna que permitiu às pessoas desenvolver uma visão menos rígida para descobrir variedades entre as categorias e para reconhecer transições de um fenómeno natural para um outro. Especialmente desde Charles Darwin (1809 -1882), os biólogos começaram a entender e a apreciar a enorme capacidade da natureza para produzir variações. Assim, eles foram capazes de se aperceber que esta capacidade é a grande fonte de toda a vida no nosso planeta. Este insight e as suas implicações ainda não foram absorvidos por todos. Contudo, pelo menos no caso da intersexualidade, a profissão médica e a sociedade estão agora a familiarizar-se com algumas verdades biológicas antigas. Este processo tem sido bastante ajudado pela formação, o incansável trabalho de advocacia intersexual e grupos de apoio.